terça-feira, março 22, 2011

Sinais



Olhava para o fundo de sua caixa com tédio, pensava e pensava, onde ele estava? Era aquela coisa que os seus outros ‘bichinhos’ falavam? “Viajar”? Eles passavam dias e dias fora e depois voltavam com cheiros diferentes e coisas novas.
Mas nenhum deles nunca havia ficado fora por tanto tempo. Ela ficava com as orelhas em pé a maior parte do tempo, atenta a algum som que indicasse que ele estava voltando.
Levantou-se e se esticou estralando os ossos, estava ficando velha. Dirigiu-se ao quarto dele, as coisas da menina mais nova estavam todas jogadas em cima da cama, livros e roupas. No armário dele tinham mais livros e algumas roupas, tudo o que era dele não estava mais lá. Quando ele voltar vai brigar com a menina, e depois eles vão rir e a menina vai apertar ele como fazia com ela. Levantou os olhos para um objeto grande e branco que eles haviam colocado lá mês passado, dentro dele um passarinho pulava, ele sempre piava para a mais nova, pedindo para que lhe tocasse uma música.
O passarinho piou e ela sentiu um cheiro, virou e viu a menina indo para o seu quarto com um copo e 4 sanduiches de pão e queijo quente. Saiu do quarto dele e seguiu a mais nova, que sentou em sua cama e olhou para ela.
“Eu não vou te dar nada!” a menina falou rindo. Mas ela não estava lá para pedir comida, apesar de que se lhe oferecessem um pedaço ela não negaria. Ela queria saber sobre ele, sempre que os outros iam para esse “viajar” a menina se agachava e passava a mão na cabeça dela dizendo quando eles iriam voltar.
“Eu não vou te dar nada! Sai, sai!” a menina repetiu e empurrou ela de leve com o pé, ela se levantou e correu até o quarto dele e depois voltou, indicando que queria uma resposta.
“Tá bem, toma, só esse!” a menina jogou uma casaca de pão para ela que comeu de bom grado. Mas ela ainda queria saber.
Mais tarde ela voltou para sua caixa, amaldiçoando o problema de comunicação que ela tin
ha com seus ‘bichinhos’. Suas orelhas voltaram a ficar levantadas atentas para qualquer barulho que pudesse ser dele. Os olhos brilhavam no escuro, esperando por alguém que, no fundo, ela sabia que não iria voltar.

Texto escrito por Alexandra Furtado

Um comentário:

  1. Alê, seu continho é de uma sensibilidade impressionante! Aproveite o espaço do blog para oportunizar às pessoas a leitura de seus textos! Queremos mais, mais e mais!

    ResponderExcluir