sexta-feira, agosto 05, 2011

A Morte da Justiça?

Este é um texto crítico elaborado a partir do texto Este mundo da injustiça globalizada de José Saramago




O que é "justiça"? É benevolência, é perdão? É julgamento, ou será castigo? Uma única palavra com poder de atrapalhar tanto a nossa vida nos leva à conclusão que talvez o problema não esteja no conceito, mas sim na interpretação.

Há bilhões de pessoas no mundo, cada uma diferente e dona de suas próprias ideias e pontos de vista. O que para alguns é verdadeiro para outros é falso e vice versa. Mas, afinal, quem está certo; alguém está errado; e quem somos nós para julgar? Nós, seres humanos, estamos longe de ser perfeitos e oniscientes, então a lógica dita que não deveríamos sentenciar. Infelizmente, justamente por sermos defeituosos, precisamos ser submetidos à lei e a restrições para manter a ordem e a paz. Às vezes temos dificuldade de diferenciar o certo do errado e, consequentemente, é necessário ser regido por outros seres humanos supostamente mais preparados, no interesse de praticar o bem comum. Porém, a grande falha nesse raciocínio é que em essência todos são meros mortais e todos, sem exceção, cometem erros.

Embora o correto não se cumpra tanto quanto deveria, isso quer dizer que a Justiça está morta? Não. Muitas coisas ruins acontecem, mas nem por isso deixa de existir amor, compaixão, solidariedade... Nós somos capazes de caridade e várias pessoas são virtuosas. A Justiça nunca morreu. Acontece que nos afastamos dela, mas ela sempre existiu e continuará existindo.

Aliás, de tempos para cá, eu enxergo uma grande evolução na moral do ser humano. Poucos séculos atrás as pessoas viviam guerreando, se matando e sacrificando; não havia valorização da vida. Certos indivíduos eram vistos como animais, eram tratados como inferiores e sequer tinham direito à liberdade. Devemos reconhecer um avanço por parte da humanidade.

Por mais distante a atual justiça esteja da desejada, o fato que somos críticos às injustiças do cotidiano comprova que, ao menos, estamos conscientes das ações e atitudes da sociedade, além da nossa, e evidencia vontade de melhorar.

Justiça no Brasil está um pouco atrasada se comparada a alguns países. Entretanto, alcançar Justiça é um processo longo e trabalhoso e mesmo as nações consideradas mais evoluídas nem estão perto de contemplá-la. Justiça plena e absoluta é algo que não existe neste mundo mortal, e talvez essa falta de exemplo comprometa o nosso avanço. Em outras palavras: como imitaremos algo que jamais conhecemos? Além disso, para que questionar a justiça ao nosso redor se nós mesmos cometemos atos de injustiça? Por que desviamos nosso olhar de nossos defeitos para os do mundo? O mundo moderno é resultado dos que nele habitam e o transmutam, então não deveríamos transformar a nós mesmos em primeiro lugar? Como dizem, a mudança vem de dentro para fora.

Postado por Mariana Amaral

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